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Juliana Gontijo

A coragem é também uma inteligência

por Dani Maura

Um autorretrato, feito em pintura. Revelando sua natureza, a tinta diluída, fluida, se sobrepõe em camadas.

“Essa coisa de pintar retrato é mágica… De uma substância líquida, você consegue estruturar uma forma e, para além dela, consegue estruturar uma identidade. Se reconhece o outro a partir daquela forma e daquela estrutura.”

Depois de um zoom in sobre o rosto representado, vê-se apenas manchas, cor, grãos de pigmento, enfim, a soma de texturas dos materiais.

Um retrato se desfazendo e voltando a ser tinta em movimento.

A matéria ainda úmida parece pulsar ao refletir sobre qual direção seguir.

Por um breve momento, o líquido se movimenta no ritmo de inspirações e expirações.

E pela atenção dada à materialidade o que era rosto vira solo, sobre o qual qualquer coisa ou mesmo o nada pode crescer. Assim como as memórias são deslocadas pelos cheiros, esse chão pode ser remexido por fortes raízes.

Um zoom out revela amplos espaços em branco, percorridos por linhas de diferentes espessuras e direções. Restando a memória de finos traços, de palavras. Recordo-me de uma imagem que dizia: “me procure”.

“Cada passo na pintura, cada ação ela te desestabiliza, mesmo, faz você ter que se reorientar. Porque a imagem mental, as projeções elas nunca condizem com o real, com a matéria de que é feita a vida. A imaginação da tinta, da fluidez da tinta, até das cores, ela nunca corresponde com a realidade do que é a pintura. Esse é um grande aprendizado que eu tenho com ela, de a todo tempo ter que me reinventar para dar conta de manter o diálogo; estabelecer um diálogo, uma conexão, entre você, seu desejo e o que se manifesta no real.”

Nasce também uma vontade de espaço, um pensamento sobre os lugares, a matéria da pintura dialogando com a história deles. O que se representa em uma tela se apresenta no espaço e no encontro com as pessoas. E aí cada pessoa que entra vai deslocando junto de si todas as linhas de força da composição do espaço, ela traz outros pesos para a composição, que está sempre se refazendo também em jogos de escala, com os corpos vistos a diferentes distâncias.

Do mesmo modo que as combinações infinitas de pontos vista que se somam, a matéria da tinta a escorrer instaura sempre um agora. Não conseguiria definir o que é realidade, mas sei que ela se reproduz em diferentes escalas.

“Eu preciso enxergar outras formas, eu preciso escolher”.

Não são fronteiras, ou talvez sejam fronteiras transformando-se em limiares: um convite para que a percepção do outro desperte o desejo pela diferença.

Uma imagem que é espaço e que se abre em possibilidades. Uma quantidade de linhas leva de um ponto a outro, mas o que nasce não são oposições, é, sim, o movimento.

“Desde sempre estou falando da mesma coisa”.

De diferentes maneiras, em diferentes corpos, em diferentes encontros, espaços, matérias, temas e sonhos. Talvez estejamos todos como em uma dança que, em seus gestos mais maravilhosos, conecta céu e terra.

Uma fotografia que revela três paredes e o teto, cor branca, de uma sala comprida, com chão de cimento rústico, que se projeta para o fundo da imagem, onde se encontra, no chão, uma televisão de tubo com moldura cor preta. Próximo ao aparelho, de maneira simétrica, está disposto, em cada uma das paredes, um quadro de fundo branco, com grafismos em cores e moldura de madeira, cor clara. Seguindo o mesmo ritmo de disposição, há duas telas maiores, frente a frente: a da esquerda possui grandes áreas cor cinza ao fundo, áreas cor preta, de contornos arredondados; linhas lilases, que se assemelham a desenhos de rios vistos do alto; pequenas áreas cor amarela, revelando poucos fragmentos de um suporte branco; já o quadro à direita revela o fundo cor branca, no alto, ao centro e abaixo; áreas de preto sugerem um contorno de um lago, com montanhas ou árvores ao fundo e pedras à frente; na área central, sobre o fundo branco, há faixas, cor azul clara, um relevo pontiagudo, cor lilás, ocupa o espaço à esquerda e ao centro, sobrepõe-se a ele uma linha de contorno azul, que remete a sua forma, mas deslocada espacialmente. Duas faixas, cor amarela, somam-se à composição: uma mais longa, que adentra o quadro pela direita, no alto, e outra mais curta, que conecta uma área de cor preta a outra lilás abaixo e à direita. Destacam-se linhas de tinta, cor preta, que escorrem pela imagem. Uma linha, espessa, cor preta, da qual escorre a tinta, perpassa todo o espaço, entrando pela margem esquerda, descendo pela parede, por detrás do canto superior esquerdo da tela, subindo, quase tocando o teto, descendo por detrás da margem inferior direita do quadro, dobrando a parede ao fundo, seguindo até o topo da televisão, de novo subindo, atravessando ininterruptamente para a parede à direita, passando por detrás do canto esquerdo do quadro, subindo até quase tocar o teto, descendo e passando por trás da pintura e, por fim, subindo e saindo pela margem direita da composição. Uma segunda linha perpassa o espaço, cor cinza, mais estreita: entra pelo centro da margem à esquerda, em uma curva descendente termina no chão, logo antes do quadro; retoma, como se continuasse, em uma linha ascendente, por trás do aparelho de TV, segue na parede à direita, descendo até o limite do chão, reaparece abaixo da pintura, à direita, saindo da composição pela margem inferior à direita.
O Risco, 2019
Exposição individual realizada entre abril e março de 2019 na Galeria Murilo Castro, Belo Horizonte.
Em uma fotografia retangular de orientação horizontal, quatro telas retangulares de orientação vertical, com moldura de madeira, cor clara, e fundo branco, estão alinhadas formando uma diagonal que cresce da esquerda para a direita. Na primeira, à esquerda, destaca-se uma mancha de pinceladas aguadas, retangular e de bordas irregulares, e, com a mesma materialidade da mancha anterior, mais acima, uma única pincelada horizontal e, quase no topo do quadro, outra faixa horizontal; das três manchas escorrem gotas, que compõem linhas verticais. À esquerda e no alto, há pequenas e médias formas orgânicas, uma inscrição, cor vermelha, mais ao centro, e linhas, cor preta, que desenham com curvas um y, como dois rios que se encontram. A segunda, possui uma inscrição, cor preta, à esquerda, logo abaixo, uma pincelada, cor preta, reta, em diagonal ascendente, da qual escorrem pingos de tinta; uma linha de mesma materialidade da anterior se repete, com sentido horizontal, no alto à direita; abaixo dela, paralela, há uma linha, um pouco maior, cor amarela; outra linha da mesma cor e espessura, porém de orientação vertical, ocorre na parte inferior à esquerda; uma linha estreita, orgânica e sinuosa, divide a composição em duas partes; destacam-se ainda uma linha que parte do canto inferior direito, se bifurca e segue até o fim do enquadramento: à esquerda e abaixo e à direita e acima. Na terceira imagem, há uma área cinza, transparente, à esquerda e no centro; uma linha preta desce do alto até o centro, onde se bifurca; na base, uma linha orgânica de mesma cor e espessura cruza de um lado ao outro; destacam-se ainda por toda a imagem algumas finas linhas vermelhas e orgânicas, duas linhas retas azuis claras, diagonais, que descem de cada um dos lados em direção ao centro e uma outra de mesma espessura e cor, porém curva, no alto e à esquerda. No último quadro, uma diagonal vermelha, da qual escorre tinta, ascende da esquerda para a direita; acima, duas estreitas linhas, cor preta e curvas: uma desce da lateral direita até tocar a diagonal, e a outra cruza o quadro em um movimento ascendente. Na parede atrás dos quadros, uma espessa linha preta atravessa por trás dos dois primeiros quadros, sobe, até próximo à margem da fotografia, e dirige-se para a direita, em um movimento descendente; abaixo, uma linha, cor cinza, estreita e sinuosa, toca a base do primeiro quadro, desce para depois subir e cruzar sob a linha preta, em um movimento curvo.
Série Caminhantes, 2019
Desenho com monotipia, lápis de cor e grafite, pintura com tinta acrílica sobre papel 66 x 96 cm cada. O Risco - Exposição individual realizada entre abril e março de 2019 na Galeria Murilo Castro, Belo Horizonte.
Em uma fotografia retangular, de orientação vertical, sobre uma parede branca, uma moldura de madeira, cor clara, enquadra desenhos com cor que se adensam em seu centro, mas que transbordam para além de suas margens. À esquerda e ao alto, uma inscrição com pequenas letras, cor escura, diz: Para nós que chegamos de canoa o caminho é todo lugar – é preciso ter a vista forte, romper mato, estar entre as flechas cruzadas e olhar para o céu; logo abaixo, uma sequência de pinceladas horizontais, cor cinza; à direita, o desenho, em linhas finas, cor azul, de uma mão que parece buscar agarrar algo que está no alto; mais à direita e ao alto, feita das mesmas linhas, uma pequena estrela, de onde partem linhas em uma configuração radial. À direita, uma linha curva, ascendente, cor cinza, e, abaixo, outra linha, cor preta, na mesma direção, porém mais extensa, transbordando a moldura. Uma linha diagonal feita em carvão atravessa não somente a composição dentro da moldura, mas também toda a fotografia; ela separa a mão da estrela e corta outras linhas da composição. Retomando à esquerda: uma mancha ovalada, cor laranja, tem metade de sua forma envolvida por uma grande superfície, cor cinza, que está abaixo e que extravasa a moldura, esta, por sua vez, é cortada por uma larga faixa cor preta, que adentra o plano da fotografia e da moldura pelo centro da lateral esquerda, seguindo para a quina inferior à direita. No centro do quadro: uma mancha azul diluída; logo acima, a inscrição que diz: as estrelas são pequenos furos/portas – olhe para mim, agora, mais uma vez. Talvez isso nunca mais volte a acontecer., uma linha fina, cor laranja, em movimento descendente da esquerda para a direita; uma área, cor preta, que preserva linhas que escorreram da tinta azul clara; uma mão, em linhas finas, cor azul, que parece buscar alcançar algo que está embaixo e que atravessa uma faixa, cor cinza, que perpassa toda a fotografia, seguindo da margem inferior à esquerda, em direção à lateral direita, em seu centro; dentro da moldura destacam-se duas curtas linhas, cor vermelho bonina.
Rompe mato, 2019
Site-specific. Obra incorporada ao acervo da Fundação Clóvis Salgado, Palácio das Artes, Belo Horizonte, MG.
Em uma fotografia retangular de orientação horizontal, um registro do plano geral da obra Rompe mato, 2019, em que se vê, além de uma moldura de madeira, cor clara, que enquadra desenhos com cor, que se adensam em seu centro, a expansão dos desenhos no espaço de encontro entre duas paredes, cor branca. No alto e à esquerda, há o desenho em linhas pretas de uma estrela, que estende um de seus raios até o chão da galeria, à direita. Uma espessa faixa, cor preta, adentra a fotografia pelo centro à esquerda, atravessa a composição da moldura em um movimento descendente, para depois subir, dobrar a parede e sair pelo enquadramento, à direita e no alto. Dentro da moldura: à esquerda e ao alto, uma inscrição com pequenas letras, cor escura; logo abaixo, uma sequência de pinceladas horizontais, cor cinza; à direita, o desenho, em linhas finas, cor azul, de uma mão que parece buscar agarrar algo que está no alto; mais à direita e ao alto, feita das mesmas linhas, uma pequena estrela, de onde partem linhas em uma configuração radial. À direita, uma linha curva, ascendente, cor cinza, e, abaixo, outra linha, cor preta, na mesma direção, porém mais extensa, transbordando a moldura. Uma linha diagonal feita em carvão atravessa não somente a composição dentro da moldura, mas também toda a parede, ela separa a mão da estrela e corta outras linhas da composição. Retomando, à direita: uma mancha ovalada, cor laranja, tem metade de sua forma envolvida por uma grande superfície cinza, que está abaixo e que extravasa a moldura, esta, por sua vez, é cortada por uma larga faixa cor preta, que adentra o plano da fotografia e da moldura pelo centro da lateral esquerda, seguindo para a quina inferior, à direita. No centro do quadro: uma mancha azul diluída; uma linha fina, cor laranja, em movimento descendente da esquerda para a direita; uma área, cor preta, que preserva linhas que escorreram da tinta azul clara; uma mão, em linhas finas, cor azul, que parece buscar alcançar algo que está embaixo. Uma faixa, cor cinza, estreita, adentra a fotografia pela parte direita, inferior, atravessando a moldura, em um movimento ascendente, cruzando a faixa preta e, de novo fora do quadro, descendo em curvas e dobrando a quina da parede. Há superfícies, cor azul clara, abaixo da moldura, na quina e na parede, à direita. Também no encontro entre as duas paredes, em um ponto de concentração dos elementos, há o desenho de uma onça, em linhas finas e manchas pretas; seguindo para a direita e abaixo, um pequeno bloco de texto, que diz humana é quem muda de forma e, mais abaixo, próximo ao chão, uma estrela, em linhas pretas finas, com muitos raios que se direcionam para o chão.
Rompe mato, 2019
Site-specific. Obra incorporada ao acervo da Fundação Clóvis Salgado, Palácio das Artes, Belo Horizonte, MG.
Em uma fotografia retangular de orientação horizontal, um dos cantos de uma sala ampla, com chão escuro, e teto e paredes brancos. Uma linha espessa, cor preta, da qual escorre tinta, perpassa, de maneira orgânica, todas as paredes, atravessando grandes desenhos sobre folhas de papel cor branca. Ao fundo da sala, na quina da parede e à esquerda da fotografia, há um entrecruzamento de linhas mais estreitas, cor cinza e ocre, e uma textura formada de finas linhas, cor cinza; destaca-se ainda um texto, que pode ser percebido apenas por sua textura. Na parede que se projeta a partir do fundo para a frente e à direita da fotografia, destacam-se, da esquerda para a direita, uma linha, cor ocre, com movimento descendente e ascendente, um outro bloco de texto, linhas, cor azul claro, que transbordam do suporte para a parede. No centro da sala há um amontoado de carvão.
O tempo é implacável, 2019
Museu de Arte Moderna Aloisio Magalhães, Recife. 25 de abril a 16 de junho de 2019
Em uma fotografia retangular de orientação horizontal, um detalhe da obra O tempo é implacável, 2019. Sobre uma parede, cor branca, finas linhas, cor preta, configuram contornos orgânicos e irregulares, o tipo de traço indica um desenho feito por meio de projeção. Uma linha, cor preta, de largura média, adentra o quadro pela esquerda ao alto e atravessa toda a composição, em um movimento descendente, sinuoso, sendo que na sua parte mais baixa, à direita, concentram-se inúmeras linhas verticais, resultantes da tinta que escorreu. Um pouco abaixo do centro, uma sequência de linhas tracejadas, com curvas delicadas, mais estreitas, cor cinza, cruzam horizontalmente o enquadramento, também à direita, partindo dessas linhas, concentram-se linhas verticais de tinta escorrida. Há ainda linhas brancas de tom amarelado, que acompanham as linhas cinzas e que compõem uma mancha no centro da imagem, terminando em um movimento ascendente à direita. Por fim, uma estreita linha orgânica, cor marrom, também atravessa a composição, adentrando pelo centro, à esquerda, descendo até quase tocar a margem ao centro, saindo pela borda direita superior, onde é cortada por uma das linhas cor cinza. À direita da fotografia, há uma folha de papel branco sobre a parede, que se revela pela projeção de suas sombras; as linhas descritas acontecem sobre a parede e sobre o papel de maneira integrada. Na linha média e à direita, há um pequeno bloco de texto manuscrito, de onde escorre a tinta, cor preta, em que se lê: rio lento de várzea sigo agora ainda mais lenta porque agora minhas águas de tanta lama me pesam.
O tempo é implacável, 2019
Museu de Arte Moderna Aloisio Magalhães, Recife. 25 de abril a 16 de junho de 2019
Em uma fotografia retangular de orientação horizontal, no primeiro plano, à esquerda, sobre uma parede cor branca, uma tela quadrada, de fundo cor azul claro, com áreas cor preta; nos cantos, sendo no alto e à direita, destacam-se linhas verticais compostas pela tinta escorrida; no centro há pontos de amarelo, preto e azul intenso. Sobre a parede e atravessando sob o quadro, há uma fina linha cor azul clara, de contornos orgânicos. Uma faixa, cor preta, da qual escorrem finas linhas de tinta, atravessa essa parede, partindo da base à esquerda e terminando em um movimento ascendente à direita, onde a parede termina. No canto direito e inferior da parede, dois arcos, sendo um menor, azul escuro, e uma maior, azul médio, sendo que há ainda um pequeno traço azul escuro entre eles. À direita, a partir do piso de mármore, cor clara, o espaço se amplia para o fundo: na parede à esquerda, o fragmento de uma projeção de vídeo e, a partir do canto, projetando-se pela extensa parede lateral, à direita, uma composição, cor preta, com uma área que desce do teto e se expande em linhas, sendo uma paralela ao teto, em toda a extensão da parede, à direita; uma mais curta logo abaixo, em um ângulo agudo; e uma terceira, diagonal, em direção ao vídeo e, portanto, oposta às outras. Da base, uma pequena área, também cor preta, se estende e integra-se à superfície ao alto, por uma estreita faixa. Mesmo à distância, revelam-se as linhas verticais de tinta escorrida. Há ainda linhas mais estreitas, orgânicas ou curvas, sendo que, na margem esquerda, uma superfície alongada, cor vermelha intensa, adentra o enquadramento e dela se expande uma linha estreita de mesma cor, que alcança a composição cor preta.
Sismo, 2018
Fundação Clóvis Salgado, Palácio das Artes, Galeria Arlinda Corrêa Lima. Abril a julho de 2018. Exposição selecionada e premiada por edital
Em uma fotografia retangular de orientação horizontal, um espaço com paredes brancas e chão preto. Na parede ao fundo, à esquerda, há uma pintura: faixas de cor, que se entrecruzam e se sobrepõem, percorrem a extensão da parede, destacando-se uma faixa, cor amarela, que cruza do alto à esquerda para a outra lateral; ao centro e à direita, outra, cor verde, que cruza da base à esquerda para a outra lateral à direita; uma área, cor preta, à esquerda e próxima ao chão, e, em volta dela, áreas de cor azul clara luminosa; outras linhas mais estreitas, destacando-se um rabisco, cor azul intenso, e uma faixa, cor rosa, no centro, em que se adensa a composição. Pendendo do teto e coincidindo com este ponto de concentração dos elementos, há um cacho de bananas, cor verde amarelado. Na parede à esquerda, que é menor e que se projeta para o fundo, acontece a projeção, de formato retangular, de um vídeo, que revela o plano fechado de uma mata, em torno do vídeo e mesmo atravessando a área da projeção também há uma composição de linhas de diferentes espessuras, texturas e cores, destacando-se: finas linhas azuis, uma faixa, cor preta, que contorna de maneira circular a base da projeção, um arco, cor amarela, no canto inferior direito da fotografia.
Nño trashuma, 2018
Cacho de bananas. Galeria de Arte BDMG Cultural, Belo Horizonte.
Em uma fotografia retangular de orientação horizontal, um espaço com paredes brancas e chão preto. Há uma pintura sobre a parede que se projeta da direita para o fundo, destacando-se um rabisco, cor azul intenso, e, pendendo do teto e coincidindo com este ponto de concentração dos elementos, um cacho de bananas, cor verde amarelado. Logo abaixo, há uma faixa, cor amarela, que cruza do alto à esquerda para a direita; outra, cor verde, que cruza da base à esquerda para a outra lateral, no alto e à direita; uma área, cor preta, à esquerda e próxima ao chão, em volta dela a cor azul clara, luminosa; há outras linhas mais estreitas, destacando-se um rabisco cor azul intenso, e uma faixa cor rosa, no centro, em que se adensa a composição. Na mesma parede, mais ao fundo e em continuidade, há outra concentração de elementos, em cores e formas similares, sendo que pende do texto um coração de um cacho de bananas. No chão, no centro do espaço e da composição, há um conjunto de galhos de madeira, cor clara, sobre um círculo feito de argila. Uma parede, bem ao fundo, também revela uma pintura, sendo que na parte superior há uma grande área cor preta, que revela em seus contornos a sua estruturação por faixas de cor; abaixo há uma faixa larga, cor dourada, e estreitas faixas nas cores azul, amarela e rosa. Alguns elementos pendem do teto e sobrepõem-se à composição.
Nño trashuma, 2018
Cacho de bananas. Galeria de Arte BDMG Cultural, Belo Horizonte.
Sobre o fundo branco de uma imagem retangular, de orientação horizontal, no centro e no alto, um grande círculo cor laranja transparente, sendo que da esquerda e do alto partem linhas radiais, finas, cor azul e, mais largas, cor cinza; nessa mesma parte, duas linhas curvas, cor azul, uma cor preta e outra vermelha. Descendo para a região central, há fragmentos de uma espiral cor azul e, mais abaixo, um conjunto similar, porém menor, cor preta. O fundo à esquerda e abaixo é cor laranja, luminoso, e reaparece do lado oposto, na faixa central, destacando-se nessa mesma área as linhas verticais lilases que escorrem de uma faixa de tinta, que está no centro; duas linhas mais largas, curvas, cor preta; uma linha sinuosa, azul escura, e, da base à esquerda, uma área, cor vermelha, que se afunila, criando um movimento espiralado para o centro. No centro há finas linhas tracejadas, sinuosas, nas cores azul e vermelha; finas espirais, cor azul; linhas quebradas, cor preta, que se projetam para o alto e para a direita; linhas estreitas e sinuosas, cor laranja e vermelha, que se projetam para a direita e para o alto, onde há linhas, cor cinza; um círculo cor marrom transparente, e, no centro e na base, uma estrela, cor vermelha, composta por múltiplos raios e núcleo que revela o fundo. Na parte inferior, há múltiplas linhas verticais de tinta escorrida, em especial nos tons quentes, sendo que os elementos se sobrepõem em diferentes camadas e densidades de matéria, formando uma trama de múltiplas linhas, formas, cores e ritmo.
Ponto de transição, 2021
Acrílica, lápis de cor e pastel oleoso sobre tela, 140 x 220 cm.
Sobre o fundo branco de uma imagem retangular, de orientação horizontal, uma veladura cinza cobre um terço da parte superior da imagem, sendo que de sua margem escorrem linhas verticais de tinta. À esquerda e no alto, há uma estrela de múltiplos raios, cor azul médio, e outra menor ao centro; no centro e à direita, há quatro estrelas cor cinza de múltiplos raios e núcleo branco, sendo duas dentro da veladura e duas abaixo e, à direita, há estrelas cor branca. Duas linhas orgânicas, cor preta, que atravessam a imagem no sentido vertical, encontram-se bem diluídas nessa parte superior. Linhas e formas orgânicas, cor preta, surgem no canto superior esquerdo e esparramam-se para a parte inferior de toda a imagem. Por toda a imagem há linhas orgânicas, cor azul claro, das quais a tinta escorre formando uma sequência de linhas verticais; há linhas onduladas, cor azul médio, destacando-se uma bifurcação, abaixo, no centro e à esquerda; linhas estreitas, no centro e abaixo, na cor azul intenso, formam fragmentos de espirais. Partindo da esquerda e do alto, uma superfície amarela parece escorrer para a base da imagem e sobre ela há um círculo, cor preta, e, no canto inferior direito, há uma forma ovalada no mesmo tom de amarelo, e nesse mesmo espaço, sobreposta, uma grande circunferência, cor preta. Linhas curvas e tracejadas, em tons de azul, se espalham na parte inferior da imagem, destacando-se três linhas estreitas, cor vermelho intenso, à esquerda e abaixo, à direita e próxima ao centro e à direita e no alto. Os elementos se sobrepõem em diferentes camadas e densidades de matéria, formando uma trama de múltiplas linhas, formas, cores e ritmo.
O trovão sobre a água, 2021
série: Continente. Carvão, lápis de cor, óleo e acrílica sobre tela.140 x 240 cm.
Linhas azuis, com textura granulada e opaca, desenham, a partir do centro da composição, eixos radiais em camadas de traços que compõem círculos concêntricos; traços que às vezes revelam áreas do fundo, cor branca, se sobrepõem, se interconectam, criando diferentes densidades espaciais seja pela distância ou pela intensidade da cor, gravando o gesto de cada risco e imprimindo, por meio de suas várias qualidades, um movimento visual.
À deriva, 2021
Série: Continente. Desenho com papel carbono sobre papel. 4 desenhos de 30x40cm cada
Uma imagem feita de linhas azuis, com textura granulada e opaca, tem no centro uma forma de contornos orgânicos, uma representação da Pangeia, em que se revela a cor branca do suporte. Desta forma partem linhas como eixos radiais, que criam faixas que, ao mesmo tempo, são vetores para o olhar; o comprimento das linhas delimita a largura das faixas, e novas camadas de traços radiais surgem quando se interrompe a anterior. Estes traços, às vezes, revelam áreas do fundo, cor branca, que se sobrepõem e se interconectam, criando diferentes densidades espaciais, seja pela distância ou pela intensidade da cor, gravando o gesto de cada risco.
À deriva, 2021
Série: Continente. Desenho com papel carbono sobre papel. 4 desenhos de 30x40cm cada
Linhas azuis, com textura granulada e opaca, partem como raios das linhas de contorno de formas que sugerem o supercontinente de Gondwana, abaixo, e a Laurasia, à esquerda e no alto. Essas linhas são vetores para o olhar; o comprimento delas delimita a largura de faixas, e novas camadas de traços surgem quando se interrompe a anterior. Estes traços às vezes revelam áreas do fundo, cor branca, que se sobrepõem e se interconectam, criando diferentes densidades espaciais, seja pela distância ou pela intensidade da cor, e quando parte de um ponto específico criam um ponto focal, como acontece no centro e na base da composição.
À deriva, 2021
Série: Continente. Desenho com papel carbono sobre papel. 4 desenhos de 30x40cm cada
Linhas azuis, com textura granulada e opaca, representam de maneira simplificada a configuração dos continentes como eles estão hoje, remetendo ao formato arredondado do planeta, sendo que se destaca uma diminuição da América do Norte e da Europa. A partir das linhas de contorno dos continentes partem linhas como eixos radiais, que criam faixas que, ao mesmo tempo, são vetores para o olhar; o comprimento das linhas delimita a largura das faixas, e novas camadas de raios surgem quando se interrompe a anterior. Estes traços, às vezes, revelam áreas do fundo, cor branca, e se sobrepõem, se interconectam, criando diferentes densidades espaciais, seja pela distância ou pela intensidade da cor, gravando o gesto de cada risco. Destacam-se momentos em que os traços partem de um pequeno centro no meio do oceano atlântico ou de uma região abaixo da Oceania.
À deriva, 2021
Série: Continente. Desenho com papel carbono sobre papel. 4 desenhos de 30x40cm cada
Em uma fotografia colorida, retangular, de orientação horizontal, uma mulher branca, roupa cor branca, agachada, pés descalços, braço direito esticado à frente, uma tatuagem de uma cobra que se enrosca no braço, desenha sobre um chão de terra vermelha, com alguns pequenos gravetos e pedras, duas voltas externas de uma espiral feita de pó cor branca, com textura de terra seca.
Notações, 2019
Série de fotografia analógica. 50x70cm. Obra realizada durante a Residência Artística JA.CA.
Em uma fotografia colorida, retangular, de orientação horizontal, sobre um chão de terra vermelha, com alguns pequenos gravetos e pedras, uma mulher branca, que veste calça e blusa na cor branca, tem cabelos curtos e escuros, e está agachada, corpo recolhido, olhar direcionado para o chão, segura nas mãos um pequeno saco de tecido, tem os pés descalços, posicionados no centro de uma espiral, cor branca, feita com polvilho.
Notações, 2019
Série de fotografia analógica. 50x70cm. Obra realizada durante a Residência Artística JA.CA.
Em uma fotografia colorida, retangular, de orientação horizontal, sobre um chão de terra vermelha, com alguns pequenos gravetos e pedras, uma espiral, cor branca, feita com polvilho
Notações, 2019
Série de fotografia analógica. 50x70cm. Obra realizada durante a Residência Artística JA.CA.
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Juliana Gontijo
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Nascida em Belo Horizonte, Juliana Gontijo é bacharel em Artes Visuais pela UFMG. Participou de diversas exposições coletivas e exposições individuais, sendo a última delas "O tempo é implacável", em 2019, no MAMAM Recife. Desenvolve projetos relacionados ao espaço, à imagem e à palavra e busca sua expressão através da construção de composições híbridas lidando com pintura, desenho, objeto, vídeo, fotografia, som e texto. Através da operação de pequenos desvios seu trabalho aponta para o desejo por construir narrativas que permitam, dentro do corpo do texto/ imagem, a emergência de contradições e dúvidas e que criem "fronteiras alargadas" por onde devem atravessar as complexidades da experiência de seu próprio corpo (físico, sensível e político) no tempo e no espaço.

Proposta de criação

espaço interno e externo
estados interiores, narrativas, representação do espaço, apresentação no espaço

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Publicado em 21 de abril de 2022

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