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Eu sou um desenho

por Dani Maura

Sou um desses desenhos que busca dar corpo para alguma de suas sensações de hoje, de ontem, de qualquer outro dia da vida. Faço tudo que um desenho pode para atravessar planos e promover encontros entre o sensório, o emocional, o cotidiano e as maneiras de traçar.

Sou um corpo em movimento de achar-se e perder-se no cultivo de um mundo interior. Como resultado desse fluxo, faço acontecer também encontros entre pessoas, em especial aquelas que se identificam com algo que expresso, mesmo que eu apenas pressinta a imagem que figuro.

É certo que sou, no mínimo, inesperado. Para alguns, até estranho, pois não sigo muito regras externas e aconteço também em forma de palavra, buscando dar nome ao sem nome. As palavras carregam uma dança interna das sensações, vindas de qualquer tempo para o espaço de composição, em cada mínimo gesto da mão que cali-coreografa os vetores-afetos.

Percebo, na composição do meu corpo de desenho, que cada palavra contém uma nuance, e agrupá-las é como fazer uma pintura, uma dessas que você faz de seus sonhos, que são uma outra maneira de dar voz ao que chamo sem nome, uma outra maneira de compor narrativas, experimentações com o tempo e espaço.

São multidões de mim buscando alcançar as múltiplas vozes que habitam cada um. Componho cenas gráficas, com a espontaneidade essencial para expressar o humor necessário para transformar o erro em poesia/alegria. Assim como a linha que me forma, não me incomodo em revelar meus processos de nascimento e, em especial, meus fracassos. Afinal, eu não poderia existir fora da totalidade da vida, ou ainda numa edição de mim mesmo, que desconfigurasse minha essência. Aliás, com constância, ensaio o pensar das essências e das relações.

Por exercitar a constância, tudo bem me repetir, e assim praticar pequenas variações, lembrando que o pequeno pode ser monumental. Sou um desenho que, muitas vezes por minha escala, caibo na palma das mãos, e busco não perder o detalhamento da multiplicidade dos estados interiores. Sou casa para pequenos corpos e habito espaços do mundo da convivência. Para alguns de vocês, o papel é um espaço para o corpo se desdobrar em seus desenhos e escritas? Sobre nossa relação, pontuo ao menos dois fluxos: sair de seu corpo para tornar-me linha e voltar carregando traços de movimento.

Por agora, você vive o tudo ao mesmo tempo, fazendo caber no dia o desejo de desenho, tenho reparado como sua presença cresceu, no modo como sente a raridade do tempo, por isso registro de maneira especial seu exercício de ser mãe.

Talvez estejamos nos imitando, para aprender sobre nossos modos.
Ajuda se eu me descrever como uma lista de vezes em que me perdi?
E se eu conseguir brincar com quase tudo?
Virar cada pequeno inseto que me cruza o caminho?
Talvez eu seja um pouco sua filha, quando do chão observo você trabalhando.
Quem hoje se dedica ao “não sei o quê”?
Espera o sem nome?
Você que consegue achar cada coisa dentro de si, até algumas coisas minhas.

Uma folha de papel branco retangular, na orientação vertical; na porção inferior à direita, feito de finas linhas pretas, o corpo nu de uma mulher grávida, que se volta para o espaço de fora do suporte, sentado no vazio do papel, com o pé esquerdo cruzando-se, delicadamente, por trás da perna direita, que se apoia, pela ponta dos dedos, no vazio. As mãos abertas em um toque suave, encostam em seu joelho esquerdo. Em um movimento curvo, um longo pescoço se volta para o lado oposto, alcançando a porção esquerda superior do suporte. A mulher tem cabelos curtos e enrolados, e mira de maneira assertiva algo que está fora da imagem.
Não sei o que fiz com minha cabeça, 2018
Nanquim sobre papel Canson. 29,7 x 42 cm
Em uma folha de papel branco retangular, na orientação vertical, desenhadas com linhas pretas finas, há seis mulheres grávidas, nuas, que se agrupam de maneira confusa. A base do suporte é o seu chão. A primeira mulher à esquerda volta seu corpo para o limite da folha, de costas para as outras, com as mãos diante do corpo, os dedos retesados, sua perna esquerda se levanta indicando uma caminhada desajeitada. Ela tem um longo pescoço que sobe e depois, em uma curva, cai quase encostando a cabeça em sua própria perna, o rosto assustado, com a boca aberta, o olhar direcionado para a perna, o cabelo curto e liso, indicando um movimento brusco. A segunda mulher caminha para a direita, seus pés se sobrepõem aos das outras, seu pescoço se alonga até quase tocar o limite superior do papel e depois desce formando um desenho de gota invertida. Ela tem cabelos médios e lisos, sua cabeça se apoia sobre seu seio esquerdo, enquanto sua mão direita acaricia seu rosto, sua mão esquerda repousa sobre a grande barriga. A terceira mulher está parada, um pouco mais para trás das outras, seus joelhos se dobram e se voltam para dentro, assim como seus pés, seu pescoço também é longo e dá voltas sobre si mesmo, enrolando-se e prendendo um de seus braços ao próprio corpo. Sua mão direita, presa ao corpo, esconde a própria púbis, a esquerda, se cola a outra lateral do corpo. Seu pescoço sai por de trás de seu quadril e deixa sua cabeça pendurada na altura dos joelhos. Ela está boquiaberta e tem cabelos curtos e crespos. A próxima mulher caminha para a direita, com passo largo, o braço direito está ligeiramente dobrado, o punho virado para dentro e os dedos dobrados. Seu pescoço segue em linha reta para cima e se dobra bruscamente, deixando a cabeça pendurada, os cabelos compridos suspensos. A penúltima mulher está sentada no chão, dirige seu corpo para a esquerda e tem os joelhos dobrados, próximos ao tronco. Ela segura seu pescoço com a mão direita, dobrando-o em linhas sinuosas, rente ao corpo, enquanto o braço esquerdo se estica para puxar-lhe a cabeça, que insiste em subir. Está com a boca aberta, olhos angustiados, e os cabelos lisos apontam para o alto, indicando a recente mudança de sentido do movimento. A última mulher caminha em direção às outras, está adentrando o enquadramento pela direita, seu pescoço se estica em linhas sinuosas, e com seus braços para o alto ela segura o próprio rosto com as mãos, olhando, assim, para si mesma.
Não sei onde anda meu pensamento, 2018
Nanquim sobre papel Canson. 29,7 x 42 cm.
Em um papel branco retangular, na orientação vertical, crescem da base do suporte, como se fossem árvores, vários longos pescoços de mulheres, todos retos, feitos de finas linhas pretas. Cada uma com seu rosto tranquilo e com a massa de seus cabelos pretos marcando ritmos, através dos planos da imagem. À direita, o primeiro rosto, mais baixo, olha para a lateral oposta da folha; na sequência, há um grupo em que duas mulheres se entreolham; outras, as mais altas, encaram o espectador; ao fundo, pela perspectiva aérea, pequenos rostos criam grande profundidade de campo. No centro da imagem, uma cabeça maior e mais baixa se destaca e mira o alto; na sequência, um segundo grupo de longos pescoços; mais à frente, encerrando o enquadramento, um grupo mais baixo.
Pescoçuda díptico 1, 2018
Nanquim sobre papel Canson. 29,7 x 42 cm.
No alto, à direita de um papel branco retangular, de orientação vertical, uma pequena pessoa, com traços simplificados, com cabelos, maleta e calças pretos, pele, blusa e sapatos brancos, verifica no pulso direito as horas. Numa linha abaixo, um pouco mais à frente, a figura corre. Em uma linha abaixo, e mais à frente, alarga o passo; e de novo abaixo e mais à frente, inclina o corpo e se lança, sendo levada pelo peso da maleta. Na penúltima linha, ainda com os pés e a maleta para o alto, seu tronco toca o chão e, por fim, na última linha, mais próxima da margem direita, seu corpo, todo esticado, permanece caído.
Cair, 2017
Nanquim sobre papel Canson. 8 x 6cm
Em um papel branco, quadrado, em linhas finas e pretas, são representadas, em pequena escala e de maneira simplificada, uma mãe e sua criança. A narrativa visual se desdobra em três linhas. Em cada linha, três movimentos, uma espécie de escrita de dança, que segue o sentido de leitura de um texto. Primeiro, a mãe apoia a criança sobre os ossos do quadril, buscando mirar seu rosto. Segundo, a criança se dobra nos braços da mãe e escorrega; para segurá-la, a mãe, agora de perfil, levanta seu joelho. Terceiro, a mãe, agora de frente, segura a criança de bruços. Na segunda linha, no quarto movimento, a mãe corre em direção à margem esquerda, com a criança sentada em seus ombros. No quinto movimento, no centro da composição, a mãe olha para a esquerda e segura a criança junto a seu corpo com apenas um braço. No sexto momento, a criança sobe sobre as costas da mãe, que está com os joelhos e cotovelos apoiados no chão. Na terceira linha, na sétima ação, a mãe está deitada de bruços, esticando uma das mãos e a perna oposta. No oitavo gesto, a mãe se senta no chão de frente, com pernas e braços abertos, e a criança se estica nesse colo alargado. No último momento, a mãe deita em posição fetal sobre o colo da criança, que a acaricia.
Registro do dia 2, 2018
Nanquim sobre papel Canson. 10x15cm.
Em um papel branco, quadrado, um desenho em linhas finas e pretas de uma pessoa de cabelos pretos longos, pele branca e vestido curto. Diante dela, uma pilha de latas de tinta, são cinco fileiras com três latas cada. São três linhas de ação, com três momentos cada, e a narrativa segue o sentido de leitura de um texto. Na pilha, a lata ao alto da primeira coluna é a única colorida, com caneta hidrográfica, e a pessoa, na ponta dos pés, tenta retirar a lata logo abaixo. Na sequência, a lata do topo se inclina, a pessoa tenta segurar, se equilibrando sobre a lata mais próxima ao chão. A pessoa cai de costas, a lata roxa tomba. Tenta proteger seu rosto, a lata e a tinta seguem em sua direção. A pessoa se senta no chão, segurando a lata, uma mancha de roxo cobre toda essa área da imagem. Ela solta a lata no chão, se levanta e encara a pilha, todo seu o entorno é coberto por roxo. Ela se dirige para a pilha e chuta todas as latas, que tombam e tingem o papel de, além do roxo, amarelo, azul, verde, laranja e vermelho. A pessoa no chão se estica entre as cores e latas.

(sem título) 2017. Nanquim e caneta hidrográfica sobre papel Canson, 10x10 cm.
Uma tela quadrada, um céu azul, marcado pelas pinceladas que deixam aparecer a cor clara do fundo. Na terceira porção inferior, um solo verde intenso, que cobre toda a superfície. No centro, uma mulher e uma criança nuas, de pele avermelhada e cabelos longos e pretos. Às vezes, no encontro entre a cor da pele e o verde, entre a pele e o azul, resta uma linha branca do fundo. A mulher, ajoelhada à direita, mira a criança nos olhos e estica os braços em sua direção, em sinal de acolhimento. A criança corre em direção à mulher, com os braços estendidos para o alto, de seus olhos saem linhas fluidas, formadas por pontos de lágrimas brancas.
Do sonho que conheci minha filha na barriga, 2018
crílica sobre tela. 30x30 cm.
Um díptico composto por telas quadradas, representando a continuidade de uma mesma cena: céu rosa, com pinceladas horizontais marcadas, uma linha de chão que se inicia na terceira porção inferior, composto por dois tons de azul, com inúmeras altas e finas folhas de vegetação, que brotam ao fundo. O primeiro quadro à direita tem no centro uma pessoa de pele avermelhada, cabelos longos pretos, sentada em uma cadeira marrom, com as mãos apoiadas sobre a mesa à sua frente. À direita, ao alcance da mão, há um bolo de três andares, confeitado nas cores branco, azul e rosa. Mais à direita, surge do alto uma grande tubulação rosa, com pinceladas em verde e azul, sugerindo movimento, essa tubulação tem continuidade no quadro ao lado. No segundo quadro, a partir da tubulação maior, uma conexão, de espessura menor, segue para a direita e depois para o alto. No chão, dois bolos brancos confeitados em rosa; o primeiro, à direita, tem três andares e uma miniatura dos noivos no topo; o segundo, caiu para fora de um prato rosa, e o boneco do noivo teve a cabeça arrancada. À frente, há um par de sapatos de salto pretos caídos pelo chão.
Do sonho que destruí bolos de casamento e os comi feliz, 2018
Díptico. Acrílica sobre tela. 30x30 cm cada tela.
Um díptico composto por telas quadradas, representando a continuidade de uma mesma cena: céu rosa, com pinceladas horizontais marcadas, uma linha de chão que se inicia na terceira porção inferior, composto por dois tons de azul, com inúmeras altas e finas folhas de vegetação, que brotam ao fundo. O primeiro quadro à direita tem no centro uma pessoa de pele avermelhada, cabelos longos pretos, sentada em uma cadeira marrom, com as mãos apoiadas sobre a mesa à sua frente. À direita, ao alcance da mão, há um bolo de três andares, confeitado nas cores branco, azul e rosa. Mais à direita, surge do alto uma grande tubulação rosa, com pinceladas em verde e azul, sugerindo movimento, essa tubulação tem continuidade no quadro ao lado. No segundo quadro, a partir da tubulação maior, uma conexão, de espessura menor, segue para a direita e depois para o alto. No chão, dois bolos brancos confeitados em rosa; o primeiro, à direita, tem três andares e uma miniatura dos noivos no topo; o segundo, caiu para fora de um prato rosa, e o boneco do noivo teve a cabeça arrancada. À frente, há um par de sapatos de salto pretos caídos pelo chão.
Do sonho que destruí bolos de casamento e os comi feliz, 2018
Díptico. Acrílica sobre tela. 30x30 cm cada tela.
Um díptico de telas quadradas, com cenas que se complementam. No quadro à esquerda, no primeiro plano, um chão verde intenso; no centro, uma mulher grávida nua, de pele avermelhada, com o corpo voltado para a direita, de joelhos e mãos apoiados no chão. No segundo plano, uma parede de tijolos laranjas e rosas; mais ao alto, grades pretas; atrás das grades, um grupo de pessoas observa a mulher, da direita para a esquerda: um homem alto, de barba e cabelos curtos e pretos e camiseta azul; uma menina de longos cabelos pretos ondulados e camiseta rosa; duas senhoras vestindo blusas azuis, uma de pele negra e cabelo branco esverdeado e a outra de óculos e cabelos brancos. A parede de fundo é roxa. À direita, há uma estreita faixa vertical de céu, com um fragmento de uma copa de árvore verde, que nos leva para a próxima tela, com um céu azul de fundo, seis troncos de árvore, nas cores laranja, roxo e rosa, copas representadas com uma textura de verdes. Na base, um chão verde escuro e, ao centro, uma onça dirige seu olhar para a esquerda, para a outra tela, para a mulher. A onça é amarela, tem uma cabeça pequena, uma barriga grande.
Do sonho que engravidei com a onça, 2018
Díptico. Acrílica sobre tela. 30x30 cm cada tela.
Um díptico de telas quadradas, com cenas que se complementam. No quadro à esquerda, no primeiro plano, um chão verde intenso; no centro, uma mulher grávida nua, de pele avermelhada, com o corpo voltado para a direita, de joelhos e mãos apoiados no chão. No segundo plano, uma parede de tijolos laranjas e rosas; mais ao alto, grades pretas; atrás das grades, um grupo de pessoas observa a mulher, da direita para a esquerda: um homem alto, de barba e cabelos curtos e pretos e camiseta azul; uma menina de longos cabelos pretos ondulados e camiseta rosa; duas senhoras vestindo blusas azuis, uma de pele negra e cabelo branco esverdeado e a outra de óculos e cabelos brancos. A parede de fundo é roxa. À direita, há uma estreita faixa vertical de céu, com um fragmento de uma copa de árvore verde, que nos leva para a próxima tela, com um céu azul de fundo, seis troncos de árvore, nas cores laranja, roxo e rosa, copas representadas com uma textura de verdes. Na base, um chão verde escuro e, ao centro, uma onça dirige seu olhar para a esquerda, para a outra tela, para a mulher. A onça é amarela, tem uma cabeça pequena, uma barriga grande.
Do sonho que engravidei com a onça, 2018
Díptico. Acrílica sobre tela. 30x30 cm cada tela.
Uma tela quadrada de cores intensas, um céu azul, uma linha do horizonte arredondada, demarcando os limites de um chão verde. No centro, uma jovem mulher grávida, de pele avermelhada, está sentada no chão com as pernas cruzadas, olhando para a frente. Ela usa um vestido longo lilás e segura sua grande barriga com a mão esquerda, ao alcance de sua mão há um pote de mel com uma colher. Do outro lado, à direita, uma velha mulher, em pé, também de pele avermelhada, com braços e pernas finos, um largo quadril, cabelos e short branco azulado e blusa roxa. Ela olha para a jovem enquanto trança seus longos cabelos marrons, e das mãos e cabelos escorrem mel. Voam abelhas em torno da jovem.
Do sonho que vovó passou mel nas minhas tranças, 2018
Acrílica s/ tela. 30x30 cm
iaci está sentada em uma cama de solteiro, segura no colo sua filha Cora, elas sorriem. Ao fundo, sobre uma parede rosa, estão dispostas pinturas e desenhos de sua autoria, que foram expostos na galeria da Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais, em 2018.

Fotografia: iaci e cora na exposição da galeria da EBA (Escola de Belas Artes da UFMG)
Um suporte de formato retangular, com orientação horizontal. À direita, o desenho de uma pequena garota, que está sentada no chão, de olhos fechados ela abraça, com todo seu corpo, a cabeça de uma mulher que repousa no seu colo. A menina tem um cabelo feito de rabiscos de caneta vermelha esferográfica, veste uma roupa com estampa de círculos coloridos. Sua perna está esticada para frente, e do meio de seus dedos do pé sai uma flor, simples, com duas folhas, o miolo da flor coincide com o mamilo da mulher que está de torso nu. As linhas que dão forma a mulher são de caneta azul, seu cabelo também é feito de rabiscos, ela tem os olhos fechados e semblante tranquilo; com uma das mãos abraça a própria perna contra o tronco, e com a outra, abraça por trás as costas da menina. Há outros desenhos sobrepostos ao corpo da mulher, feitos com linhas simples de lápis de cor: uma estrela amarela, uma borboleta laranja, um tubarão amarelo, que de boca aberta se aproxima da cabeça da menina, rabiscos verdes. Em alguns momentos, as cores são claras e em outros, mais intensas, criando um equilíbrio na composição. Acima da menina há ainda um balão em rosa e azul, uma massa de amarelo, uma nuvem comprida com um sol e uma lua. Pontos laranjas e vermelhos se espalham pela imagem, que também tem áreas preenchidas com tons claros de laranja, rosa, verde e azul.
Um abraço é como um sonho, 2019
Lápis de cor e giz de cera sobre papel Pólen. 84,1 x 59,4 cm
Um papel retangular, com orientação horizontal, há muitas camadas de desenhos que se sobrepõem em uma mistura de linhas e massas de cor, ora claras, ora intensas. À direita, uma clara cabeça sorridente desenhada por uma criança. Na sequência, um rosto feminino, com olhos, sobrancelhas e cabelos construídos por uma camada clara de manchas de laranja e outra de linhas vermelhas, intensas e rápidas, nas bochechas, círculos de roxo e verde. Pela frente do rosto uma medusa rosa e laranja intensos mergulha veloz para baixo, tampando parte do pescoço e de uma camiseta verde. Há linhas verdes que são algas, pequenos peixes de traços simples, vermelhos e azuis, nadam da direita para a esquerda. Da margem inferior sobem duas mãos, uma verde mais baixa e uma de palma vermelha, que tem no centro um pequeno peixe. Entre as mãos e se espalhando pela base, há áreas de massas azuis, é como se entre nós, observadores, e a figura desenhada existisse um plano de vidro, um volume de água e seres aquáticos. À direita, constituído por linhas vermelhas, o rosto de uma menina de blusa com listras amarelas, diante dela o desenho de suas pequenas palmas, e também de um pé. Um grupo menor de peixes também se desloca para à esquerda e se destacam dois peixes laranjas, que estão entre o rosto da menina e a mão da mulher. No espaço entre os rostos há uma área de azul e acima rabiscos claros em vermelho. Outros rabiscos e pequenos desenhos povoam a imagem.
Eu e cora no mar, 2019
Lápis de cor e giz de cera sobre papel Pólen. 84,1 x 59,4 cm
Sobre um papel retangular de orientação vertical um desenho feito de linhas gestuais de lápis de cor. O suporte poderia coincidir com um chão, ou uma cama, em que se encontram deitadas uma mãe e sua criança. À direita, ocupando quase toda a área do papel, a mulher olha para frente, tem os cabelos curtos, o contorno do rosto e a boca azuis; o contorno dos olhos, uma das sobrancelhas e os brincos de argola vermelhos; e círculos laranjas nas bochechas. Sua blusa está levantada e forma uma massa de vermelho, azul e laranja emoldurando seu rosto. O braço direito amarelo se dobra acima de sua cabeça, e em volta de sua mão se espalha uma mancha vermelha, enquanto o braço esquerdo se estica sobre uma área de azul e envolve uma criança, deitada de bruços, que tem os cabelos verdes presos no alto da cabeça, uma blusa vermelha de gola azul, um short azul e pernas amarelas, ela estica seu braço também amarelo e toca o seio da mãe, feito em linhas azuis. A mulher veste uma grande saia de contornos verdes, uma de suas pernas se estica para fora do enquadramento, enquanto a outra se dobra em direção à criança. Sob a criança há sombras e linhas circulares em verde, que se espalham pelo contorno da saia.
Como a gente dorme, 2019
Lápis de cor e giz de cera sobre papel Pólen. 84,1 x 59,4 cm
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iaci
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título

meu nome é iaci, sou artista e mãe. meu trabalho vem da minha história, do que sinto, vejo e penso. a maternidade atravessa minha produção tanto como conteúdo quanto como processo, e às vezes só não há tempo pro processo. disso saem pequenos desenhos rápidos e outros maiores, acompanhados da minha filha. trabalho com o corpo e com a palavra, como se fossem um complemento do outro. a escrita é caminho para o que sinto virar desenho. às vezes o desenho é escrita, às vezes corpo. às vezes a escrita é desenho. Atualmente minha produção acontece por meio da interação com o público do instagram, com desenhos personalizados, e outros rotineiros: desabafos bem-humorados sobre as tragédias e conquistas dos dias que passam.

Proposta de criação

Corpo
desenho, linhas, escrita, memória, sensações e estados internos.

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Publicado em 25 de novembro de 2021

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