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A.Sol Kuaray

Sobre dedicar-se amorosamente para que tudo possa vir à luz

por Dani Maura

Uma janela vista de dentro de casa, lá fora, um rio, que nos leva para o instante, cheio de encantamento, em que uma criança vê um olho d’água pela primeira vez: a infinidade dos possíveis.

Uma escuta cuidadosa a despertar a memória que integra território, comunidade e corpo.
O sonho a banhar os dias.
A chuva a aguar, como um sinal de benção.
O instinto a acordar uma sabedoria ancestral.

Ser em si, aprender com a semente a saber o que se é, a manifestar o que se é.
Germinar, no íntimo da terra, experimentar distâncias por amor ao vazio.
Amor também ao mistério, que não se desfaz à luz da razão.
Lembrar-se de ouvir a canção dizer “a semente ensina não caber em si”.

Plantar no dia a dia o encontro, desenhar um corpo coletivo, movimentar-se e movimentar o entorno e, como água, juntar tudo.
Uma vez existindo, sabedoria é manter-se em movimento.
Intuir é saber que tudo é fluxo.
A visão do alto: um rio e seus afluentes como uma árvore.

Aprender com o reino vegetal a traduzir o sol, a diferenciar-se no contato com o ambiente, a compor.
Ligar céu e terra e assim encontrar águas profundas, matéria prima.

Voltar ao começo.
Como água ígnea, em um gesto de cura, redesenhar a cidade.
Os mínimos gestos, que expressam uma maneira, fábricas de maravilhas.

No agora, estar imerso em um abraço com o além tempo.

Uma fotografia de um estabelecimento comercial, cor verde acinzentado, com detalhes e ornamentos brancos. No topo, um pequeno recorte de céu e, à direita, uma fração da copa de uma árvore. Calçada de cimento, com linhas amarelas demarcando dois degraus. Sobre a parede, com diferentes composições, azulejos brancos, quadrados, de 20 centímetros de lado, com desenhos de plantas em azul. À esquerda, na parede, sobre uma faixa  vertical branca, dois azulejos apresentam fragmentos de desenho de uma espada-de-São-Jorge. Ao lado, sobre a parede cor verde acinzentado, várias peças de azulejo compõem juntas o desenho de espadas-de-São-Jorge; sobrepõe-se ao desenho, um conjunto de espadas, que estão plantadas em uma caixa estreita de madeira, revestida com tecido cor cru. Na sequência, à esquerda, uma das portas do estabelecimento, tipo rolo, com aparência de ferrugem. No centro, faixas brancas dividem a parede verde em três retângulos de orientação vertical: na parte central, uma composição assimétrica une recortes do fundo da parede a azulejos que representam uma samambaia e  um véu-de-noiva, sobre essa composição, no alto, um vaso de samambaia; na parte mais estreita, à esquerda, um longo ramo de espada-de-São-Jorge, preso à parede e com as raízes submersas em um pequeno saco com água, desde o alto até embaixo, alguns desenhos sobre azulejos esparsos representam e espelham fragmentos da planta – pontas, meio, raízes –, no canto inferior, estão representados boldos, arruda, espada-de-Iansã; na terceira parte da composição, no alto, azulejos esparsos representam em desenhos azuis fragmentos da samambaia e do véu-de- noiva, e, embaixo, um conjunto de quatro azulejos representa uma espada-de-Iansã. No chão, à frente dessa composição, três caixas estreitas de madeira, revestidas com tecido cor cru, onde estão plantadas espadas-de-São-Jorge, arrudas, trapoeraba e boldos. Na sequência, na outra porta do estabelecimento, que é a terceira parte, está representada uma comigo-ninguém-pode, sobre ela, suspenso, preso à parede, um vaso de véu-de-noiva e no chão plantada uma comigo-ninguém-pode e boldos, em uma caixa de estreita de madeira, revestida com tecido, cor cru.
Repaisagem, 2019
TAU – Território de Arte Urbana. Instalação urbana - Pintura em azulejo, plantas, caixotes e tecidos. 350 x 680 cm.
Uma fotografia de um detalhe da instalação Repaisagem, retangular, em orientação vertical. Emoldurados por uma estreita faixa de parede em verde acinzentado, azulejos brancos quadrados, de 20 centímetros de lado, compõem uma faixa vertical de três fileiras de largura e sete fileiras de altura, representam, em linhas azuis de vários tons, um maciço de espadas-de-São-Jorge. Destacam-se as linhas que representam as manchas das folhas, as raízes de espessuras variadas, que se emaranham como em um abraço, e um azulejo em azul mais claro, que representa apenas as linhas de contorno da folha. No alto, à esquerda, uma haste de metal, que prende um toldo, interrompe a composição, fazendo reaparecer a parede de fundo, estabelecendo um contraste que, no entanto, é harmônico; na mesma altura, dois azulejos se deslocam à esquerda da composição e fortalecem a sensação de continuidade da imagem maior ao lado.
Repaisagem, 2019
TAU – Território de Arte Urbana. Instalação urbana - Pintura em azulejo, plantas, caixotes e tecidos. (detalhe).
Sobre fundo branco, uma fotografia de um fragmento de raiz, de onde parte um fino ramo de folhas de espada-de-São-Jorge. Abaixo, sobre um azulejo branco, quadrado, em uma linha paralela, o desenho, em linhas azuis, representa em detalhes as texturas, camadas e contornos da planta que está acima.
Repaisagem, 2019
TAU – Território de Arte Urbana. Instalação urbana - Pintura em azulejo, plantas, caixotes e tecidos. (detalhe).
USobre fundo branco, uma fotografia de um fragmento de raiz, de onde parte um fino ramo de folhas de espada-de-São-Jorge. Abaixo, sobre um azulejo branco, quadrado, em uma linha paralela, o desenho, em linhas azuis, representa em detalhes as texturas, camadas e contornos da planta que está acima.
Repaisagem, 2019
TAU – Território de Arte Urbana. Instalação urbana - Pintura em azulejo, plantas, caixotes e tecidos. (detalhe).
No primeiro plano de uma fotografia, trechos de chão de terra, coberto de cinzas, hastes de capim, em parte secas e em parte carbonizadas; em um plano intermediário, capins cortados, ainda verdes, se misturam a materiais descartados, como papelão. No plano ao fundo, uma quina de parede, de tijolos de oito furos, o limo escuro, que se espalha sobre eles, sobre sua cor terra, revela um período de chuvas; há ainda alguns tijolos quebrados, deixando dois pequenos buracos. Sobre essas paredes, azulejos brancos, de 20 centímetros de lado. Sobre eles, desenhos de plantas, palmeiras e boldos, feitos em linhas azuis, em uma grande composição que se faz por agrupamentos de azulejos em diferentes quantidades, por peças isoladas, que se espalham em contraste com o fundo de tijolos. Os desenhos dos caules e troncos se concentram na parte baixa e, mesmo com a interrupção da sequência de azulejos, apresentam linhas de força de verticalidade.
Fragmentos da paisagem, 2013
Pintura de plantas sobre azulejos, instalados em lote vago na Av. Xangrilá, Contagem. 520 x 200 cm.
Uma fotografia, em detalhe, de uma quina de parede de tijolos de oito furos; o limo escuro, que se espalha sobre eles, sobre sua cor terra, revela um período de chuvas; há, ainda, no alto, à esquerda, um tijolo quebrado, um pequeno buraco. A parede, à direita, ocupa a maior parte do plano. Sobre as paredes, azulejos brancos, de 20 centímetros de lado; sobre eles, desenhos de plantas feitos em linhas azuis: palmeiras e boldos, em uma grande composição que se faz por agrupamentos de azulejos em diferentes quantidades, por peças isoladas, que se espalham em contraste com o fundo de tijolos. Uma pequena planta trepadeira, seca, se sobrepõe aos desenhos.
Fragmentos da paisagem, 2013
Pintura de plantas sobre azulejos, instalados em lote vago na Av. Xangrilá, Contagem. (detalhe).
Uma fotografia de uma sala de paredes brancas, teto de ripas de madeira avermelhada e chão de placas de cimento queimado. Três vasos com plantas estão dispostos em uma linha paralela à parede: o primeiro, à esquerda, preto, com uma palmeira, de uma haste alta e cinco intermediárias, e um maciço de folhas rente ao vaso; o segundo, mais baixo, de cimento com ornamentos, com um pé de boldo,  estiolado e o terceiro, também preto, com duas hastes de palmeira, mais altas e com mais folhas que o primeiro vaso. Na parede ao fundo, um pequeno degrau de alvenaria, coberto com pedra branca, vários azulejos brancos, de 20 centímetros de lado; sobre eles, desenhos, em linhas azuis, de fragmentos, das plantas que se encontram no espaço. Os desenhos dialogam com a sombra projetada das plantas.
Patio, 2012
Instalação realizada na Mostra dos Alunos de graduação da UFMG. Azulejos com pinturas de plantas em aquarela, apropriação das plantas do Centro Cultural da UFMG e projeção de suas sombras. 600 x 170 cm.
No primeiro plano da fotografia, à direita, um vaso preto de onde crescem ramos de palmeira, que se concentram em três alturas: rente à base, próximo ao topo da fotografia e além do corte do enquadramento. Ao fundo, uma parede branca, com um pequeno degrau de alvenaria, coberto com pedra branca, rente ao chão de cor escura. Sobre a parede, concentrando-se à esquerda da imagem, alguns azulejos brancos, quadrados, de 20 centímetros de lado; sobre eles, desenhos de fragmentos das plantas, em linhas azuis. Os azulejos ocupam várias alturas: próximo ao chão, rente ao degrau e seguindo em direção ao topo da imagem. Um conjunto, paralelo à margem esquerda, se destaca: três caules da palmeira, o degrau, espaço em branco da parede, um caule, outro branco, outro caule, outra pausa e, depois, galhos e folhagens representados por um agrupamento de peças de azulejos. As sombras projetadas da palmeira dialogam com os desenhos dela própria.
Patio, 2012
Instalação realizada na Mostra dos Alunos de graduação da UFMG. Azulejos com pinturas de plantas em aquarela, apropriação das plantas do Centro Cultural da UFMG e projeção de suas sombras. (detalhe).
Um corpo feminine, indígena de pele clara, caminha, da esquerda para a direita, no primeiro plano de uma fotografia, retangular de orientação horizontal. Ile tem os pés descalços, carrega nas mãos um pé de arruda plantado em um vaso de cerâmica, usa vestido longo, branco, de alças finas; tem os cabelos pretos trançados com longas cordas de sisal, que se arrastam pelo chão, que é de asfalto e que apresenta algumas linhas brancas de sinalização. Ao fundo, em uma avenida, se deslocam, em alta velocidade, da direita para a esquerda: um ônibus branco e vermelho, outro verde e um carro branco. A luminosidade indica que o dia pode estar se iniciando ou se finalizando.
Benzeção Arrudas
Performance. Corpo, mudas de arrudas, sisal, peça de cerâmica e incenso. Duração: 40min. III Mostra de Performance: Redemoinhos e outras Tormentas. Curadoria: Marcos Hill. Local: Boulevard Arrudas. Belo Horizonte/MG, 2018. Fotografias: Leonardo Pedroso.
Sobre grades de concreto, de bueiros que tampam um rio, ao lado de um canteiro verde de uma avenida, que se projetam para o plano ao fundo, um corpo feminine, indígena de pele clara, caminha em direção ao primeiro plano de uma fotografia, retangular, de orientação horizontal. Ile tem os pés descalços, encobre parte de seu rosto com as folhas de um pé de arruda, que carrega, abraçado junto ao corpo e plantado em um vaso de cerâmica. Usa vestido longo, branco, de alças finas, tem os cabelos pretos trançados com longas cordas de sisal, que se arrastam pelo chão.  A luminosidade indica que o dia pode estar se iniciando ou se finalizando.
Benzeção Arrudas
Performance. Corpo, mudas de arrudas, sisal, peça de cerâmica e incenso. Duração: 40min. III Mostra de Performance: Redemoinhos e outras Tormentas. Curadoria: Marcos Hill. Local: Boulevard Arrudas. Belo Horizonte/MG, 2018. Fotografias: Leonardo Pedroso.
No primeiro plano de uma fotografia retangular, de orientação horizontal, à direita, um corpo feminine, indígena de pele clara, de perfil, direciona seu olhar para a esquerda. Ile tem os cabelos pretos, trançados com cordas de sisal, seu rosto está pintado: uma faixa vermelha liga os olhos e percorre, em um movimento sinuoso, a lateral do rosto. Usa um grande brinco com desenho de linhas marrons e pretas e um fino colar escuro. Vemos seu ombro e uma fina alça branca, e ile segura nas mãos, na altura do rosto, vários pés de arrudas, plantados em um vaso de cerâmica. Projetando-se para o plano ao fundo, o leito de um rio canalizado e descoberto e uma sequência de vigas. No último plano, no alto e à esquerda, luzes de automóveis, brancas e desfocadas, prédios brancos; uma faixa verde escura de montanhas, ao centro; e luzes vermelhas da traseira dos veículos, à direita.
Benzeção Arrudas
Performance. Corpo, mudas de arrudas, sisal, peça de cerâmica e incenso. Duração: 40min. III Mostra de Performance: Redemoinhos e outras Tormentas. Curadoria: Marcos Hill. Local: Boulevard Arrudas. Belo Horizonte/MG, 2018. Fotografias: Leonardo Pedroso.
Uma mulher de pele negra, sentada em uma cadeira, está a bordar, cuidadosamente, palavras em um tecido branco. Ela usa um vestido branco, que tem estampado, em uma faixa central, vários pequenos corpos de pessoas, usa também um turbante, cor ocre com estampas pretas. Seus pés, descalços, estão sendo banhados, em uma bacia de alumínio, por um corpo feminine, indígena de pele mais clara, que está de joelhos, usa um longo vestido branco e tem os cabelos pretos, longos e com dreads. No chão, há uma pequena cesta de vime, um sapato de couro cru e, sob a bacia, um tecido de juta. Iles se encontram em uma sala de paredes e chão brancos e rodapé cinza; à direita, um fundo preto e uma mulher de pele clara de cabelos escuros, que observa a cena, sentada, de braços cruzados, usando óculos, blusa amarela e calça preta.
Aguar os Pés
Performance. Duração: 20min. Concepção: Cleide Verônica e Sol Kuaray. Encontro de Mulheres Artistas: Feminino Plural. Centro de Referência da Juventude (CRJ), Belo Horizonte/MG, 2019. Fotografias: Zi Reis
Pernas e pés negros adentram o quadro, pela margem superior direita, os pés estão sendo bahandos, em uma bacia de alumínio, em água e ervas. Pela margem esquerda, adentram no quadro um recorte das pernas e tronco, em vestes brancas, o braço e as mãos de quem cuidadosamente banha os pés. Sob a bacia um tecido de juta, o chão claro, e, ao fundo, uma pequena cesta de vime e uma faixa de rodapé cinza.
Aguar os Pés
Performance. Duração: 20min. Concepção: Cleide Verônica e Sol Kuaray. Encontro de Mulheres Artistas: Feminino Plural. Centro de Referência da Juventude (CRJ), Belo Horizonte/MG, 2019. Fotografias: Zi Reis
No primeiro plano, duas pessoas se abraçam, ambas usam vestido branco: a primeira, é uma mulher de pele negra, usa turbante estampado, nas cores ocre e preto, ela envolve a cintura da outra, com seu braço direito, enquanto o corpo feminine, a sua frente, segura na mão direita uma bacia de alumínio e envolve seus ombros com seu braço direito. Ile tem os cabelos pretos e compridos e cor de pele clara. Elas estão sobre as grades de concreto de bueiros, que tampam um rio, ao lado de um canteiro verde, com pequenas flores amarelas, e de uma avenida, que se projetam para o plano ao fundo, em uma diagonal, da esquerda para a direita. Na avenida, por trás de seus corpos, carros brancos e ônibus se deslocam do fundo para a frente do plano. Do outro lado da avenida, uma ampla praça, cercada por prédios amarelos, de dois e três andares. Um céu com nuvens em tons de cinza claro e, no último plano, prédios e montanhas.
Aguar os Pés
Performance. Duração: 20min. Concepção: Cleide Verônica e Sol Kuaray. Encontro de Mulheres Artistas: Feminino Plural. Centro de Referência da Juventude (CRJ), Belo Horizonte/MG, 2019. Fotografias: Zi Reis
Em uma fotografia, retangular de orientação horizontal, uma pintura sobre um muro, que retrata, ao centro e no alto, um sol; abaixo, uma figura feminina, de pele negra, sentada no solo, cercada por um pé de alecrim, abaixo, um pé de arrudas. De joelhos dobrados, descalça, de vestido azul claro, longos cabelos que se estendem até a margem inferior esquerda do muro, seu corpo se volta para uma mulher, à sua frente, à direita, que está sentada sobre o corpo de uma cobra coral; atrás dela há uma área cor coral e uma faixa branca, com uma estampa geométrica e com búzios. Ela tem a pele negra, os cabelos brancos, presos em um coque, vestido lilás, coloca a mão direita sobre o peito e estende a mão esquerda, que segura um ramo de arruda, em direção a outra mulher à sua frente. O contexto em que as figuras se inserem, da esquerda para a direita: uma grande espada-de-Iansã, representada em tons de verde e amarelo, na sua base uma trapoeraba-roxa. Um feto de uma criança, deitado, segura com a mão direita o rabo de uma cobra coral, que se desenrola em espiral, à sua volta; em um movimento descendente, passa entre as figuras e, na sequência, envolve um grande pilão de madeira, com galhos de urucum dentro, direcionando sua cabeça para cima. Na margem direita, ao alto, uma samambaia, verde clara e, abaixo, uma comigo-ninguém-pode, cor verde escura e branca. Abaixo do muro, uma calçada de cimento e, acima, dois grandes maciços de flor primavera crescem de dentro para fora e se projetam além do muro, um rosa claro, à esquerda, e outro, verde com pontos de rosa intenso, à direita.
Portal de cura: Mãe Marieta, 2021
Pintura Mural. 860 x 350 cm. Iraquara/BA.
Em uma fotografia, retangular de orientação horizontal, um muro de fundo branco, com um estreito portão aberto à esquerda, dois grandes maciços de flor primavera crescem de dentro para fora e se projetam além do muro, um rosa claro, à esquerda, e outro rosa intenso, à direita. No muro, uma pintura em processo, ao fundo, dois tons de azul: celeste, ao alto, e royal, embaixo; por meio das contraformas, ainda em branco, se revelam as figuras: um sol ao centro, plantas à esquerda, e uma grande espiral que ocupa quase toda a composição. Uma vegetação, cor verde, ao centro e embaixo; logo acima e à direita, o desenho de uma mulher sentada, em contornos marrons. Sobre a calçada de cimento, da esquerda para a direita: baldes e panos alinhados; uma pessoa, com pincel nas mãos, cabelos pretos e longos, camiseta branca, bermuda e chinelos, está sobre uma escada, de madeira, apoiada no muro; uma cadeira de madeira; uma pessoa de cabelos pretos e longos, camiseta branca comprida, short curto e descalça segura uma bandeja de pintura, enquanto toma distância e observa o muro; por fim, uma terceira pessoa que está de perfil, à direita, usa camiseta listrada em preto e vermelho, bermuda preta e chinelos.
Portal de cura: Mãe Marieta, 2021
Pintura Mural. 860 x 350 cm. Iraquara/BA.
Uma mulher anciã sentada em uma cadeira branca, de plástico, cabelos brancos, presos para trás, pele negra, apoia o braço esquerdo sobre a cadeira, segura com a mão direita este braço, cruza a perna direita sobre a esquerda; usa vestido estampado em tons de preto, branco e cinza e sandália, tipo boneca, estampada em tons escuros. Ela tem sobre o ombro esquerdo um xale dobrado, xadrez, em tons de cinza. Está sobre um chão de cimento e atrás dela uma pintura mural que a retrata: sentada, como em uma cadeira, sobre o corpo de uma grande cobra coral, usa vestido lilás, coloca a mão direita sobre o peito e estende a mão esquerda, que segura um ramo de arruda, em direção a uma figura feminina, de pele negra, que está à sua frente e se volta para ela. Sentada no solo, cercada por um pé de alecrim, à esquerda, e, abaixo, por pés de arrudas, tem os joelhos dobrados, descalça, de vestido azul claro, longos cabelos que se estendem até a margem inferior esquerda da fotografia. Em uma diagonal, do alto à esquerda, uma faixa listrada em preto, branco e vermelho, divide o mural em duas partes, com um fundo, ao alto, azul celeste e, abaixo, azul royal. À direita das figuras, uma área cor coral e uma faixa cor branca, com uma estampa geométrica e com búzios; ao alto, fragmentos de folhas de samambaia, cor verde, e, abaixo, um fragmento de um pilão com folha e frutos do urucum.
Portal de cura: Mãe Marieta, 2021
Pintura Mural. 860 x 350 cm. Iraquara/BA.
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A.Sol Kuaray
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título
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A. Sol Kuaray é um corpo que revoga o acesso e a valorização dos saberes tradicionais no reconhecimento territorial e cultural, nascida na região da Chapada Diamantina, em Iraquara/Bahia, é artista visual, educadora, produtora cultural e indígena em retomada. Realiza trabalhos em performance, intervenções e obras que valorizam os saberes tradicionais e o conhecimento etnobotânico, contribuindo na realização de ações que denunciam as violências contra o meio natural.

Proposta de criação

convívio
performance, corpo, fotografia, materialidade

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Publicado em 20 de janeiro de 2022

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